sexta-feira, 8 de julho de 2011

Os conselheiros verdes (matéria publicada no Jornal Atual)


Empreendedores de Itaguaí são convidados a integrar grupo que vai contribuir para normatizar as atividades no Parque Estadual Cunhambebe

Um encontro recente na cidade de Rio Claro começou a dar um esboço ao que será o Conselho do Parque Estadual Cunhambebe, órgão que vai nascer com a finalidade de normatizar o uso de uma cadeia de montanhas que se estende entre os municípios de Angra dos Reis, Mangaratiba, Itaguaí e Rio Claro. Empresário com experiência de sete anos no ramo, Marcelo Valverde, proprietário da Montanha do Oeste Esportes de Aventura, é um dos representantes de Itaguaí convidados para a empreitada. O outro é o turismólogo Nelson Wenglarek, idealizador e coordenador dos projetos “Onça Pintada” e “Aguçando os Sentidos”, ambos embasados no conceito do Ecoturismo. A dupla vive agora a expectativa da formalização da função, decididos a contribuir para conscientizar a população sobre a importância daquele ecossistema.

Concebido para funcionar sob gestão do Instituto Estadual do Ambiente, o Conselho do Parque Cunhambebe reúne empresas do ramo, gestores públicos e a comunidade. Dele participam representantes de empresas como ThyssenKrupp, Light e de entidades como a Fundação Oswaldo Cruz e as prefeituras locais. A presença da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro é esperada por participantes do órgão, que, embora recente, já despertou atenção além-fronteira. “Uma universidade da França já manifestou desejo de integrá-lo, inclusive propondo investimentos em pesquisa”, diz Nelson Wenglarek.

Depois da formalização do órgão, que deve acontecer em agosto, as etapas que se seguirão é a de organização de seu regimento interno, a montagem de um calendário de ações e a organização de reuniões itinerantes. Marcelo Valverde acredita que o órgão será fundamental para que se adote providências como a normatização de funcionamento do parque, as formas de utilização, a implantação do serviço de guardas-parque e o treinamento de pessoal. Para ele, essas iniciativas são indispensáveis à preparação do local para receber visitantes. Nelson Wenglartek, por sua vez, sustenta que o projeto deve inspirar experiências voltadas para o agronegócio. Ele cita, por exemplo, o caso da palmeira Jussara, espécie nativa da Mata Atlântica com grande valor comercial. “É necessário incentivar a área de reserva cientificamente, segundo o conceito da sustentabilidade”, diz Wenglarek.

Parque se estende por 38 mil hectares

Criado através do Decreto Estadual nº 41.358, de 13 de Junho de 2008, o Parque Estadual Cunhambebe tem área de 38 mil hectares e abrange parte dos municípios de Mangaratiba, Angra dos Reis, Rio Claro e Itaguaí. A unidade protege uma região de vegetação nativa, formando um contínuo florestal com o Parque Nacional da Serra da Bocaina e a Terra Indígena de Bracuhy, o que assegura a preservação de espécies animais e vegetais ameaçadas com a fragmentação dos remanescentes da Mata Atlântica. Cerca de 95% de suas terras são compostas por florestas bem conservadas, possuindo ainda fontes de abastecimento de água para a população do sul do estado, como a Bacia da Represa de Ribeirão das Lajes.

Área tem espécies ameaçadas de extinção

De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente, a fauna da região e composta por espécies como o mono carvoeiro, a lontra, a queixada, o cateto e o teiú, além de espécies ameaçadas de extinção, como, por exemplo, a anta, um sapo da espécie Cylloramphus eleutherodactylus e um primata da espécie Callithrix aurita. Dentro dos seus limites estão várias áreas de interesse turístico, como a antiga Estrada Imperial, no Distrito de São João Marcos, que conta com mirantes, edificações e ruínas típicas do período colonial. Outros pontos de interesse são o Pico do Sinfrônio, com 1,5 mil metros, em Angra dos Reis, e o Pico das Três Orelhas (1,1 mil metros), em Mangaratiba. Trilhas, cachoeiras e paredões para escalada contam-se entre as principais atrações para os adeptos de esportes de aventura.